sábado, 28 de fevereiro de 2015

Quando tudo começou


Iniciei na o volar de minhas saias na dança cigana ainda em outra vida. Nesta vida, filha de gadjon e gadjin cresci em meio de cores e floreios misticos sob o céu, que tanto me acompanhava em meus pedidos, nas estrelas que tilintavam e nos ciclos lunares que caminhavam ao meu lado quando regressava a minha casa. Desde que me entendo por gente, sempre fui de colo em colo, de casa em casa, de cidade em cidade, sem a tristeza de deixar algo para trás ou com algum apego de carne, o que mais me doía eram as inseguranças de um novo caminho. Mas os pés sujos, estes se mesclam a minha carne de artista, artesã, professora com lua em aquário. 

Sempre curiosa, enquanto estava na graduação tentava descobri que dança meu corpo bailava, tentei dança de salão, tribal fusion, contemporâneo, nada além do que 2 meses, 4 meses ou algumas semanas. Quando enfiei na cabeça que gostaria de experimentar a dança flamenca, encontrando perto de minha casa a dança cigana. Comecei as aulas e por razões de quem tem fogo nos pés saí. Espreitando amizade com Taciana, minha grande parceira e mulher que tanto admiro, descobri as aulas de dança cigana da professora e minha mestra Roberta do Espírito Santo. Como nunca tive nada perto, suas aulas ficavam a 1h30 de minha casa, sem contar com a ajuda do ônibus lendário hahha. 

Desde 2012 até 2013 fiz parte de sua turma. Descobri um outro corpo para mim, me vi reencontrando raízes e o florescer do meu encontro ancestral. Desde que coloquei meus pés neste bailado minha intuição aguçou, minha amorosidade com o outro se fortaleceu. Fiz parte de um grupo com apresentações voluntárias em espaços carentes de afetos e eventos, os Ciganos de Luz, grupo que tenho grande carinho. 

Em 2014 me mudo para Brasília / Distrito Federal para realizar o mestrado acadêmico pelo Programa de Pós-Graduação em Arte na Universidade de Brasília. Tenho desde 2012 um projeto artístico social com pessoas de sofrimento psiquico chamado Doida de Pedra (nosso facebook). Com a mudança de cidade e nas condições financeiras, pensei antes de minha vinda em falar com a minha professora e saber se eu estaria apta em ministrar aulas de dança cigana. Como a vida se conecta e o que é lançado ao universo ele responde, nem precisei falar nada para que em uma conversa ela me liberasse para o mundo com esta dança. 

Tendo a sua benção iniciei a turma de dança cigana no Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS) no Setor Administrativo de Taguatinga/DF. O mesmo grupo que existe em Recife também se firmou aqui, tendo os Ciganos de Luz DF. Neste periodo de estádia no DF conheci uma comunidade cigana Calon que me acolheu com muito amor e a quem tenho total respeito e consideração, me auxiliando também em minha pesquisa. Hoje sou muito grata a esta dança e a cultura do povo cigano, que por mais eu seja gadjin (não cigana) me sinto dentro em respeito.   


Vamos bailar???

 



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